Salmo 24 | O canto da ascensão






   Nomeado por Charles Spurgeon como o “Canto da Ascensão”, o salmo 24, nos traz profundas lições.
Do Senhor é a terra e tudo o que nela existe, o mundo e os que nele vivem;
pois foi ele quem fundou-a sobre os mares e firmou-a sobre as águas.
Quem poderá subir o monte do Senhor? Quem poderá entrar no seu Santo Lugar?
Aquele que tem as mãos limpas e o coração puro, que não recorre aos ídolos nem jura por deuses falsos.
Ele receberá bênçãos do Senhor, e Deus, o seu Salvador lhe fará justiça.
São assim aqueles que o buscam, que buscam a tua face, ó Deus de Jacó. Pausa
Abram-se, ó portais; abram-se, ó portas antigas, para que o Rei da glória entre.
Quem é o Rei da glória? O Senhor forte e valente, o Senhor, valente nas guerras.
Abram-se, ó portais; abram-se, ó portas antigas, para que o Rei da glória entre.
Quem é esse Rei da glória? O Senhor dos Exércitos; ele é o Rei da glória! Pausa

   Esse salmo foi escrito provavelmente quando a Arca da Aliança estava voltando para Jerusalém, para o templo no monte de Sião, ela estava anteriormente na casa Obede-Edom, é possível encontrar esse relato em II Sm 6 e I Cr 15,16.3. Ao escrever o Salmo Davi não pensava somente na volta da Arca, mas pensava também sobre a ascensão do Cristo - daí vem o nome que Spurgeon deu.
   Esse Salmo, como a maioria dos outros, possui divisões ou estrofes, ele é dividido em 3 estrofes.
  • (v.1 - v.2) Sobre Deus e seu domínio 
  • (v.3 - v.6) Descreve o verdadeiro Israel e aquele que pode ter acesso a Deus
  • (v.7 – v.10) A entrada gloriosa de Cristo
   Os israelitas tinham uma liturgia para o culto ao Senhor, nessa liturgia incluíam os cânticos de louvor a Deus, seguindo essas ordens, cada dia da semana eles cantavam um salmo - só uma curiosidade, e esse salmo era cantado no domingo, o primeiro dia da semana. Quando Cristo entrou em Jerusalém montado no jumentinho, no domingo de Ramos, era esse salmo que cantavam no templo, depois ficará bem clara a falta de entendimento que os judeus tinham do salmo, como eles catavam da boca para fora.... 
   Davi quando escreveu o salmo, refletiu sobre o favor que Deus mostrou aos judeus, ao favorecer dentre todas as famílias, os filhos de Abraão, escolhendo habitar com eles. Ele reflete, que embora o santuário fosse aberto para todos, Deus não estava perto de todos. Estaria perto somente daqueles que o serviam e temiam com sinceridade, dos que eram devotos a viver com santidade e justiça. Ao fim ele celebrou a graça, com o intuito de incentivar os crentes a serem perseverantes no exercício de honra e servidão.

(v.1 - v.2) Sobre Deus e seu domínio

v. 1
Do Senhor é a terra e tudo o que nela existe, o mundo e os que nele vivem;
    Ao apontar que tudo pertence ao Senhor e tudo vem de Deus, Davi tinha como intensão mostrar aos judeus que mesmo eles sendo o povo escolhido, eles não tinham nada que os fizessem mais familiares que os gentios. Isso é explicado, porque Deus, em sua providência, mantem todos e tudo, de forma a justificar que TODOS o louvem. Mas ao escolher os israelitas para serem seu povo, a esse louvor deve ser adicionado algo que os diferencie dos os outros povos. Visto esse argumento, Davi os exorta à santidade, mostrando que seria razoável que aqueles que Deus adotou fossem diferentes dos demais, assim como no Sl 147.1 diz que é apropriado que louvemos ao Senhor. O salmista declara que Deus como o Rei do mundo, assim sendo, é de ordem natural que TODOS o louvem, ainda mais os que foram escolhidos por Ele, é de dever nosso que nos esforcemos para nutrir um coração e mãos puros.
v. 2
pois foi ele quem fundou-a sobre os mares e firmou-a sobre as águas.

   Para embasar seu argumento, Davi utiliza do momento da criação. O Senhor em todo seu poder criou o mundo, os mares e neles manifestou sua grandeza. 

(v.3 - v.6) Descreve o verdadeiro Israel e aquele que pode ter acesso a Deus

V. 3
Quem poderá subir o monte do Senhor? Quem poderá entrar no seu Santo Lugar?

   Nesse versículo Davi reforça a ideia de que Deus escolheu os judeus, porém ele se apega mais ao argumento de diferenciar o justo do injusto. Ele exorta os judeus a viverem de forma santa e justa, já que Deus os separou para serem seu povo. Deus criou todos os serem humanos, logo todos pertencem a Ele, porém aquele que ele escolheu para fazer parte de seu corpo deve ter um relacionamento íntimo com ele. Todos aqueles que Deus chama, Ele os convoca a santidade. Também é possível notar a repreensão aos hipócritas, que serviam a Deus somente de forma exterior, com as mãos e não com o coração, assim como os fariseus.
v.4 
Aquele que tem as mãos limpas e o coração puro, que não recorre aos ídolos nem jura por deuses falsos.

   Somente aquele que tem uma vida de pureza poderá subir ao monte e permanecer.  A pessoa que se vangloria por um coração puro, mas não vive dessa forma é tão tola quanto aquela tem mãos, pés e olhos segundo a justiça, mas um coração impuro. O único capaz de subir ao monte do Senhor e permanecer, pois não tem mancha alguma, é Cristo. No verso três é questionado quem pode subir e permanecer, no quatro vem a resposta, somente os que tem mãos e coração puros. Quem consegue? Nenhum de nós com certeza. Mas por meio da graça de Cristo e de sua pureza, temos acesso. Nós devemos confessar nossos pecados e crer somente em Cristo, pois por meio da fé somos justificados.

V. 5 
Ele receberá bênçãos do Senhor, e Deus, o seu Salvador lhe fará justiça.

   Com o propósito de mudar o pensamento dos israelitas, Davi reforça a ideia de que nada pode ser melhor do que pertencer a igreja de Cristo. Aqui há um sutil contraste entre os verdadeiros servos e os falsos, o próximo versículo comprova isso, ao vermos que ele aplica o "esse" que exclui todos os que não são adoradores verdadeiros, “esses” receberão uma benção que jamais poderão perde-la, os que a receberem são os que possuem coração verdadeiro. Traçando uma maneira de incentivar os santos, ao dizer que lhes é garantida uma benção que não pode lhes ser tirada. Nesse versículo a justiça pode ser interpretada como duas coisas. Seria a justiça de Deus e sua fidelidade com seu povo ou o fruto, recompensa da justiça exercida pelos crentes. Ele tem intenção de mostrar que não se pode esperar que um falso crente tenha o fruto ou recompensa, e que é impossível que Deus decepcione os seus, pois Ele é justo e sempre cumpre o que promete.
V. 6
São assim aqueles que o buscam, que buscam a tua face, ó Deus de Jacó. Pausa

   Nesse versículo ele confirma a exclusão dos pseudo-israelitas, aqueles que criam que por serem circunsidados já bastava ou por fazerem sacrifícios, ignorando claramente vários salmos em que Davi falava sobre Deus se agradar de um coração contrito e sincero, aqueles que não se preocupavam em se entregar a Deus e mesmo assim frequentavam a igreja. Mesmo estando na igreja procuram se afastar de Deus, de todo modo. Esses ele se dirige dizendo que ainda que digam, suas palavras serão vazias e haverá um juízo.

(v.7 – v.10) A entrada gloriosa de Cristo

V. 7
Abram-se, ó portais; abram-se, ó portas antigas, para que o Rei da glória entre.

   Aqui Davi descreve a estrutura do templo, que ainda seria construído, ele usa disso para encorajar os israelitas a dedicar-se de forma mais profunda no cumprimento cerimoniais da lei.  Davi exalta o culto, pois o único objetivo é servir e honrar a Deus.  Ele mostra que eles devem adorar a Deus de forma correta, e permanecer como se ainda estivesse (porque estavam) em sua presença, e viver em santidade. Davi pensava que quanto maior o templo em comparação do tabernáculo, maior a glória de Deus seria representada, ele ardia em desejo de construi-lo, e desejava que seus irmãos se sentissem assim, para que assim com o auxílio da palavra de Deus, tivessem mais temor. 
Os nomes portões eternos, é dado baseado na promessa do Senhor que é certa e eterna. Com a vinda de Cristo o templo agora é visto pelo mundo todo. Com o domínio da Babilônia os portões foram demolidos, mas Cristo nunca é abalado.
   A igreja primitiva começou a relacionar esse versículo com a ascensão de Cristo ao Céu. Somente Ele era capaz de fazer com que os portões do Céu se abrissem para nós, somente Ele poderia abrir os portões do nosso coração, para entrar como Rei da gloria. Somente, o Rei da Glória o justíssimo poderia fazer isso, pois vive em pureza e santidade, o que nos lembra que a graça é presente do início ao fim.
V. 8
Quem é o Rei da glória? O Senhor forte e valente, o Senhor, valente nas guerras.

   Os louvores cantados pelos judeus tinham como intensão ensinar que Deus não ficava ocasionalmente no templo, mas sim, sempre, pronto a auxiliar seu povo. Por Deus habitar no templo não quer dizer que seu infinito ser e incompreensível essência se limitam dentro dele. Era através do templo que eles tinham acesso a Deus, em contato com a arca, hoje não precisamos mais disso, temos contato com Ele de várias formas, mas as mais comuns são oração e leitura de sua Palavra, e dessa forma também podemos viver em contato com Deus, e por isso devemos usar desses meios com reverência.
   Para finalizar tem uma frase do C.S Lewis que fala sobre isso
"Jesus abriu a força a porta que estava fechada desde a morte do primeiro homem. Ele encontrou, enfrentou e derrotou o rei da morte. Tudo é diferente porque Ele fez isso."
C. S. Lewis
  E para finalizar - mesmo, rs - tenho uma música para indicar para vocês que fala sobre o salmo 24. Ela tem um jeito meio diferente, mas é boa. 


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Obrigada por ler até aqui, espero que tenha te edificado. 

Que Deus te abençoe, até mais!


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